terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Alice (históra poética)


Nesse espaço, crio imagens cheias de um vazio
Em um lar que não me pertence
Sou dona de suas paredes
Nada aqui me parece real
A ilusão desses olhares
Me arrebenta surreal

Sinto que nada dura
Vejo que nada é o que parece
(Engraçado, nunca pareceu)
Só me enganei
Com imagens vazias
Paredes falsas
Ilusões fracas

Nada aqui existe
Talvez nunca tenha existido
Só precisava de um apoio
De algo para me agarrar
Mas sei que nada vou encontrar
Então, para quê continuar?

“Era uma vez”
Assim as histórias começam
A minha começou no fim
Mas não com um feliz para sempre
E sim com um esquecida eternamente

Como Alice no país das maravilhas
Perdida estou
A procura do coelho para saciar a minha curiosidade
Em busca de algo que aos meus olhos é uma raridade

Caio e não afundo, não vejo o fim, percebo que não é o meu fim
Vozes me chamam, penso em seguir
Nada pode me impedir

“Corra! Corra Alice!”
Mas o que ocorre?
Será eu?
Alice! É a mim que avisam!
Nas colinas me avistam!
O que farei?
Estou em perigo, então correrei

Pega na primeira avenida
Fui morta por uma mão assassina
Minha linha de vida pulsou em suas mãos
Eu era apenas uma garota perdida
Uma garota até esquecida
“Bem, posso dizer que sou invisível
Então isso explica o por quê de minha vida ser um tanto...
Previsível”

No susto, abro meus olhos
E que em um lugar escuro estou
Devo ter batido a cabeça
Pois vejo que meu sonho acabou

Ouço risos ao longe
Parece-me uma criança
Que empunhando uma balança
Me oferece a oferta de uma história
Cheia de lutas e glória
Lindo!
Mas não posso ficar
Pois tenho que arrumar escapatória

Esse lugar não é certo
Vejo uma doce fantasia
Como sonhos de padaria
Que minha boca delicia
(Aqui não é lugar para uma senhorita)

Tenho que voltar para minha casa
Lá tenho que pegar minha valisa
E por o livro para mostrar a minha tia
Que tudo não é uma bela mentira

Inacreditável como isso ficou
Antes de conseguir voltar, aqui, presa estou
Atrás de Alice estão
Se eu ficar, logo me pegarão

Inacreditável!
Deus! Isso virou uma corrida armamentista
“Peguem Alice e ganhem uma camiseta
Ou escolham entre a camisa ou uma receita”

Cadê minha tia?
Para onde ela disse que estaria?
Neste caos os anjos não me mostrarão
Onde ela enfiou aquele bendito cartão
No meu bolso talvez?!
Onde poderei achar um orelhão?!
Com ela ao meu lado nunca me pegarão
Onde estará meu cordão?
O medalhão que me dará proteção
Que me livrará deste dragão
Trazendo-me a libertação

Essa rainha escarlate não deixará livre
E que para ela terei que pintar essas rosas
Com lágrimas a cair
“Cortem-lhe a cabeça!” Ela disse
Pois ela não gostou de meu semblante triste
“Grande coisa” Eu digo
Só quero sair daqui e ver os meus amigos
Mas ela não me escutou
Só quer saber se o que manda, o escravo executou
Porém não irei ficar
E que daqui irei escapar
Corro, eles estão prestes a me pegar!
Corre! Alice eles vão chegar!
Corre! Corre! Corre...
Ah!

Agora o vento bate em meu cabelo
uma flor cai no meu rosto
Sinto um gotejo em minha boca
Abro meus olhos e sinto a chuva
Olho para os lados e vejo a campina
Esse verde familiar me alucina
Por saber que estou no seio de minha família
E que tudo não passou de uma louca fantasia.

Por: Medye Platinun